SETEMBRO AMARELO




14 coisas que você precisa saber sobre o CVV (Centro de Valorização a Vida).

1. No CVV todo mundo é voluntário. E cada atendente trabalha cerca de 4 horas por semana, mas há quem trabalhe mais que isso.
2. Nos atendimentos o anonimato é sempre garantido.
3. Os voluntários não têm qualquer tipo de contato com quem liga a não ser o próprio atendimento.
Ele se restringe ao contato feito no momento do plantão. Não há conversa depois, troca de perfis de redes sociais ou números de telefone.
4. Muitas pessoas que procuram o CCV estão cercadas de gente e, mesmo assim, se sentem sozinhas.
"Aprendo sempre com os atendimentos que faço, e me impressiona sempre a pessoa estar cercada de pessoas e se sentir só. A ajuda que oferecemos é compreensão pelo que a pessoa está sentindo e passando. Tento sempre ajudar compreendendo o mundo da pessoa e a situação que ela vive", disse ao BuzzFeed Brasil um dos voluntários.
5. E muitas pessoas falam, sim, claramente que vão se matar.
"Atendimentos em que a pessoa liga e fala claramente que vai se matar sempre marcam. Nesse momento a gente respira fundo e calmamente e inicia uma longa conversa sobre a vida dela, sobre como ela se sente e como tem sido lidar com a dor que ela tem."
6. Mas algumas ligam porque sofrem de solidão ou procuram alguém para compartilhar o que acontece no dia. Os atendentes compartilharam com a gente alguns dos casos mais marcantes para eles:
"Um atendimento marcante foi de uma pessoa idosa que morava sozinha e se sentia extremamente só. Ela ligou para ouvir um simples 'boa noite' de alguém, como se fosse só para se sentir viva. Depois acabou conversando um pouco".
7. As ligações podem ser silenciosas.
"As ligações silenciosas são as que mais marcam, pois desta forma trabalhamos também nossa ansiedade como voluntário. Ajudo acolhendo, aceitando, respeitando e compreendendo a dor".
8. Ouvir pode ser mais importante do que aconselhar.
"Uma coisa muito importante que aprendi no CVV, e que trago para a minha vida, é não aconselhar. Cada um tem uma história, criação e maneira de enxergar o mundo que é muito própria. Não me sinto em condições de dar algum conselho, pois minha visão a respeito do assunto sempre será limitada. Além do mais, o que é bom para mim não necessariamente será bom para o outro. O que posso fazer é acolhê-lo, ouvi-lo, respeitá-lo, para que, ao falar e reduzir a pressão, ele mesmo se ouça e tire suas próprias conclusões".
9. A maioria dos casos está relacionada a perdas (saúde, dinheiro, emprego, amigos, parceiros).
"Em todos as situações me coloco à disposição para conversarmos. O objetivo é criar um clima favorável para que a pessoa desabafe, aliviando aquele sofrimento agudo do momento, com respeito, atenção, sem subvalorizar o seu sofrimento, de maneira que ela possa tomar as decisões que julgar melhores para seguir adiante".
10. Às vezes as pessoas ligam por engano, mas aproveitam para desabafar.
"As ligações mais marcantes são das pessoas que ligam por engano, descobrem que ligaram para o CVV sem querer e aí começam a desabafar".
11. Nem sempre as pessoas que ligam pensam em suicídio: às vezes elas só estão nervosas.
"Uma pessoa ligou 'por engano' para nós querendo atendimento para um acidente de transito que havia sofrido, e com o acolhimento pôde desabafar e se acalmar com o ocorrido".
13. Uma conversa realmente pode evitar que uma pessoa tire a própria vida.
"Era madrugada e um jovem disse que estava pensando em suicidar-se, por isso ligou. Eu atendi com respeito e ouvi suas lamentações. Foi o suficiente para ele desligasse já não pensando mais em suicídio."
14. Os voluntários se sentem muito gratos pela confiança que as pessoas aprendem a lhes dar.
"Eu me sinto agradecida a cada pessoa que liga para compartilhar comigo um pouco de sua história. Sou grata pela confiança que o outro deposita em mim, quando percebe que pode ser ele mesmo, que pode falar sobre tudo aquilo que é importante para ele, sem medo, vergonha ou uso de máscaras".
Se você tem vontade ou necessidade de conversar com alguém, ligue para o CVV no número 141 ou entre no site www.cvv.org.br via chat, VoIP (Skype) e e-mail. Se estiver no Rio Grande do Sul, ligue 188.
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